Mais um

Era óbvio que Pedro Barbosa, tal como Rui Jorge, não iria continuar ao serviço do clube.
Desde há largas semanas a esta parte que, quem observa com atenção os 90 minutos de cada partida do Sporting, já tinha seguramente notado na gesticulação exarcebada do treinador Peseiro para com estes dois jogadores era indício que as relações entre aqueles e o técnico já tinha conhecido melores dias.
A incompreensão para com certas atitudes da direcção alastra.

É bom não esquecer, de facto, que estes dois jogadores já não têm a frescura de outrora.
É contudo melhor ainda também relembrar que qualquer família tem pais, netos e avós.
Se há coisa que não falta ao Sporting são "netos". A Academia está repleta.
"Pais" temos poucos. Só me recordo de Beto, Hugo e Ricardo. Na chamada terceira idade futebolística estariam Sá Pinto, Barbosa e Rui Jorge.
Um plantel, como qualquer família que se queira unida, necessita de referências.

Há contudo o outro lado da questão.
Muitas vezes os "avós" são os elementos de maior desestabilização no balneário.
Lembremo-nos de Vítor Baía, não só do seu afastamento por Scolari, mas sobretudo das semanas que passou no banco de suplentes do fcp, pouco tempo depois de Mourinho ter assumido o comando dos tripeiros. Ou das férias forçadas de Jorge Costa no Charlton há poucas temporadas.

Aqui surge a cerne da questão: É que todos nós estamos habituados a ver Sá Pinto sacrificar-se em prol da equipa, jogando em todas as posições, defendendo até à exaustão. Sá Pinto é controverso, é provável que face ao seu temperamento incendeie por vezes os corredores de Alvalade. Mas quando sobe ao tapete verde a sua abnegação é a todos os níveis fantástica.

De toda a maneira, não significa que Pedro Barbosa e Rui Jorge devam sair pela porta dos fundos. Basta recordar o final de carreira de Paulo Bento, um bom profissional mas que de sportinguismo não tem metade do agora ex-capitão ou do número 23.

Que exemplo é este que se está a dar a toda a prata da casa leonina?

Marquês de Gondomar